Das Cartas que Nunca te Escrevi

Mari Soek | 15 de set. de 2014
Essa carta, não é uma carta triste apesar de estar chorando enquanto escrevo, essa é uma carta de desabafo. Desabafo do que guardei por tantos anos a fio. Essa carta é uma tentativa desesperada de me livrar do trauma que guardo no meu coração, acredito que as pessoas pra quem dedico essas palavras não iram lê-las, não tem problema. 
 Passei anos ouvindo o quão estranha eu era, o quanto eu era feia e que eu estava muito longe dos padrões de beleza impostos pela sociedade. Hoje em dia, quando lembro dos apelidos, das brincadeiras de mal gosto, me pego pensado como crianças podiam ser tão cruéis. 
 Ainda olho para os meus pés enquanto estou no meio de muita gente, não sei bem quando vou me permitir olhar nos olhos das pessoas, quando alguém atrás de mim ri, congelo, eu sinto como se estivessem rindo de mim. 
 Até parece bobagem pra quem lê, mas não é. Acredite, não é. 
Era difícil olhar no espelho, sabe, quando você ouve muito a mesma coisa você passa a acreditar nela. 
 Mas eu queria dizer que apesar de tudo, apesar dos apelidos maldosos, apesar de passar muito tempo me odiando, me escondendo das fotos aprendi muito com tudo aquilo. Aprendi a me amar, hoje, eu sei que sou linda. Não tenho um corpo de modelo, meu cabelo não é perfeito e não acordo com ele lindo, tenho espinhas e até uns pelinhos no meu rosto, mas eu me amo assim. Hoje, quando eu olho no espelho eu vejo uma pessoa linda, minha mãe diz que quando você se olha no espelho você vê o reflexo de quem você é por dentro, e posso afirmar que o meu reflexo é lindo. 
Queria deixar claro que eu perdoou vocês, perdoou a minha professora que me chamou de burra e até agradeço, porque foi graças a ela que eu descobri o quanto sou inteligente. Perdoou e agradeço aos meus colegas por zombarem de eu ser gordinha e ter muitos pelos no rosto ou nos braços o que pra eles era uma coisa de outro mundo, se não fossem por eles eu não teria aprendido me amar, e amar o que vejo no espelho, não teria aprendido a me aceitar independente das minhas diferenças. Eu perdoou as minhas amigas que zombavam por eu ser estranha, e também as agradeço, se não fosse por elas, hoje eu não saberia o quão insuportável eu sou e não me divertiria tanto com as minhas doideiras. 
Ah, e só pra constar amo quando vejo cada um de vocês, e enquanto vocês estão ai sendo amargos e ridículos por não reconhecer as diferenças, eu estou aqui, sendo feliz e distribuindo amor. 
Esse post faz parte da Blogagem Coletiva do RotaRoots, um grupo que tem como objetivo de resgatar a época onde os blogs pessoais eram diferentes, incentivando a produção de conteúdo criativo e autoral.
Geeente, que alivio. Me sinto muito bem escrevendo isso, ufa. O Rotaroots que teve a ideia dessa carta e que maravilha hein? Foi dificil decidir pra quem escrevia, mas vai ter um outro post que vai ter um pouquinho a ver com o assunto tratado na minha carta, por isso escrevi ela. Alguém já passou por algo parecido? Me contem. 
                                              Espero que tenham gostado 
                                                                 Beijos :*
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4 comentários

  1. Que desabafo :O

    Continue crescendo como pessoa e cada vez mais se ame. Transborde de amor por si mesma e você acabará cativando todos a sua volta. Lembrando que é interessante estudar sobre a beleza estereotipada e toda uma indústria e uma sociedade que está por trás disso, que quer que nos sintamos feias, gordas, com pelos a mais e etc. Purifique-se. O caminho tá mais que certo :))

    Beijo e parabéns pelo post.

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    Respostas
    1. Ah, estou sem palavras diante de seu comentario, aprendi que não adianta de nada eu querer que alguém me ache bonita, se eu não achar. Beijos e obrigada.

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